O Papa Leão XIV, eleito nesta quinta-feira, 8 de maio, é o primeiro papa norte-americano e primeiro agostiniano a ocupar o Trono de Pedro. A adoção do nome Leão contém grande e importante simbolismo para a história da Igreja. O dia de sua eleição marca o dia de Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, mas a data também tem um simbolismo especial para a história da Igreja.
Foi a data da aparição de São Miguel Arcanjo sobre o Monte Gargano, situado na região da Apúlia, sul da Itália, na qual segundo a tradição, no ano de 490, um camponês da cidade de Siponto, hoje conhecida como Manfredônia, saiu em busca de um dos touros de seu rebanho que havia se afastado. Após longa procura, encontrou o animal próximo à entrada de uma gruta no alto do monte. A tentativa de abater o touro com uma flecha teve um resultado inesperado: a flecha voltou-se contra o próprio homem — identificado pela tradição como Gargano — e o feriu. Diante do acontecimento inexplicável, o bispo da região, São Lourenço Maiorano, convocou três dias de jejum e oração para pedir a Deus uma explicação. Na aurora do quarto dia, enquanto rezava na antiga catedral de Santa Maria Maggiore, o bispo teve uma visão de São Miguel Arcanjo. O espírito celeste lhe revelou:
“Fizeste bem em buscar o mistério de Deus escondido aos homens. Foi por isso que os golpeei com minha lança. Esta é a minha vontade. Eu sou Miguel Arcanjo, e estou sempre na presença de Deus. Venho habitar este lugar, protegê-lo e demonstrar, por um sinal, que serei seu guardião e defensor.”
Como confirmação de sua promessa, o camponês ferido foi milagrosamente curado. São Miguel também pediu que a gruta fosse dedicada ao culto cristão. Seria coincidência que, séculos mais tarde, o Padre Pio de Pieltretina fosse chamado a viver ali tão próximo? Mais ainda: tantas décadas depois do Padre Pio, um Papa fosse eleito no dia 8 de maio e escolhesse o nome de Leão? Sabemos que a oração de São Miguel Arcanjo foi composta pelo último Papa Leão XIII, após uma revelação mística em 1888.
Após uma missa, o Papa Leão XIII teve uma visão profética que o fez desmaiar. O Papa descreveu uma espantosa conversa que havia escutado proveniente do tabernáculo. A conversa compunha-se de duas vozes, a de Jesus Cristo e a do diabo. O diabo ostentava conseguir destruir a Igreja, se lhe fosse concedido 75 anos para levar a cabo o seu plano (ou 100 anos, segundo outros relatos). O diabo também pediu permissão para ter “uma maior influência sobre aqueles que se entregarão ao meu serviço.” Às petições do diabo, o Senhor respondeu: “Ser-te-á dado o tempo e o poder.”
Abalado profundamente com a revelação, o Papa Leão XIII compôs a Oração a São Miguel e ordenou que se rezasse depois das Missas ordinárias como medida de proteção para a Igreja contra os ataques do inferno. O costume se estendeu por muitos anos, até a oração ser modificada e reduzida como a conhecemos.
Segue abaixo a oração inteira.
Oração a São Miguel Arcanjo:
“Ó glorioso príncipe da milícia celeste, São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate e na terrível luta contra os principados e as potestades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra os espíritos malignos espalhados pelos ares (Ef. 6)! Vinde em auxílio dos homens os quais Deus criou imortais, feitos a sua imagem e semelhança, e resgatou por grande preço da tirania do demônio (Sab. 2; I Cor. 6).
Combatei neste dia, com o exército dos santos anjos, a batalha do Senhor como noutro tempo combateste contra Lúcifer, chefe dos orgulhosos, e contra os anjos apóstatas que foram impotentes em resistir-te e para quem nunca mais haverá lugar no céu.
Sim, esse grande dragão, essa antiga serpente que se chama demónio e Satanás, que seduz o mundo inteiro, foi precipitado com os seus anjos ao fundo do abismo (Apoc. 12). Mas é aqui que esse antigo inimigo, este antigo homicida levantou ferozmente a cabeça. Disfarçado de anjo de luz e seguido por toda a multidão de espíritos malignos, invade o mundo inteiro para apoderar-se dele e desterrar o nome de Deus e do seu Cristo, para afundar, matar e entregar à perdição eterna às almas destinadas à coroa de glória eterna. Sobre os homens de espírito perverso e de coração corrupto, este dragão malvado derrama também, como uma torrente de lama impura, o veneno de sua malícia infernal, o espírito de mentira, de impiedade, de blasfémia e o sopro envenenado da imundice, dos vícios e de todas as abominações.
Os inimigos cheios de astúcia têm acumulado de opróbrios e amarguras a Igreja, esposa do Cordeiro imaculado, e lhe dado a beber absinto; sobre seus bens mais sagrados impõem suas mãos criminosas para a realização de todos os seus ímpios desígnios. Lá, no lugar sagrado onde está instituída a sede de São Pedro e a Cátedra da Verdade para iluminar os povos, foi instalado o trono da abominação de sua impiedade, com o desígnio iníquo de ferir o Pastor e dispersar as ovelhas.
Nós te suplicamos, ó príncipe invencível, ajude o povo de Deus e concede-lhe a vitória contra os ataques destes espíritos dos réprobos. Este povo te venera como seu protetor e padroeiro, e a Igreja se gloria de tê-lo como defensor contra os poderes malignos do inferno. A ti, Deus confiou a missão de conduzir as almas para a felicidade celeste. Roga, portanto, ao Deus da paz que submeta Satanás aos nossos pés, tão derrotado e subjugado, que nunca mais possa impor a escravidão aos homens, nem prejudicar a Igreja! Apresenta as nossas orações à vista do Todo-Poderoso para que as misericórdias do Senhor nos alcancem o quanto antes. Submeta o dragão, a antiga serpente, que é o diabo e Satanás, e o precipite acorrentado no abismo para que não mais possa seduzir as nações (Apoc. 20). Amém.
Desde já confiados à vossa assistência e proteção, com a sagrada autoridade da Santa mãe Igreja, e em nome de Jesus Cristo, Deus e Senhor nosso, empreendemos com fé e segurança repelir aos ataques da astúcia diabólica.
V/ Eis a Cruz do Senhor, fujam potências inimigas.
R/ Venceu o Leão da tribo de Judá, a estirpe de David.
V/ Que as tuas misericórdias, ó Senhor, se realizem sobre nós.
R/ Assim como esperamos em vós.
V/ Senhor, escutai a minha oração.
R/ e que o meu clamor chegue até ti.
Oremos.
Ó Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, nós invocamos vosso Santo Nome e imploramos insistentemente a Vossa clemência para que, pela intercessão da Imaculada sempre Virgem Maria, nossa Mãe, e do glorioso São Miguel Arcanjo, de São José, esposo da mesma Santíssima Virgem, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e de todos os santos, dignai-vos proteger contra Satanás e contra todos os espíritos malignos que vagueiam pela terra para destruir a humanidade e para a perdição das almas. Amém.”