É fácil entender como as sanções impostas por países globalistas à Rússia são um combustível para o fortalecimento do estado russo, do exército, e da própria ideologia eurasiana.
Quando países se preparam para guerras duradouras e ambiciosos planos bélicos, a primeira coisa que eles fazem é manter certo nível de soberania e independência de todas as possíveis nações que desejam atacar. Isso é tão evidente que nem precisaria explicar. Os bloqueios econômicos a Cuba, por exemplo, embora corretos do ponto de vista moral, mantiveram os níveis de ortodoxia comunista dentro da ilha de Fidel, assim como procrastinaram o seu legado de poder até ser capaz de exportar seu modelo para países como a Venezuela.
Os russos, chineses e cubanos, estão acostumados a um alto nível de privação de direitos e até de comida, acostumados a regimes de força e estatistas. Ao contrário, os regimes democráticos não suportam quase nenhuma privação, sendo motivo de protestos e choradeiras pela mera não garantia de direitos hipotéticos como aborto, casamento gay etc. A juventude crescida nesse ambiente de imoralidade, como os marmanjos MGTow, já anseiam por genocídios estatais ou imposições teocráticos revolucionárias justamente devido a esse processo de saturação.
Recentemente, o Ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, fez uma declaração que mostra o grau de influência de certos “especialistas” (ideólogos) russos. Segundo eles, o fim das sanções seria desastroso. A razão para isso é bastante compreensível.
“Temos um grupo influente de formadores de opinião que acreditam que o fim das sanções seria desastroso. Porque os funcionários de tendência liberal tentariam imediatamente reverter todas as conquistas na substituição de importações, na afirmação da soberania da nossa economia e produção, e na garantia de segurança nas áreas vitais para o desenvolvimento do Estado.”
Em um artigo no site Geopolitika, Alexander Dugin, o mais influentes desses ideólogos, explicou o que Lavrov quis dizer.
“Sergey Lavrov basicamente admitiu o que muitos especialistas, inclusive eu, escrevemos há anos: que na Rússia existe toda uma classe de funcionários remanescentes dos anos 1990 que não compartilham a orientação do chefe de Estado no fortalecimento da soberania. Eles sonham em tornar a Rússia novamente parte do mundo global — um mundo que já não existe mais. Essa é a sua dor fantasma, mas, por causa dela, eles assumem uma postura totalmente destrutiva, obstruindo o processo de soberanização em todas as áreas”.