Periodista Digital
A imagem do Papa Leão XIV saudando o mundo da loggia central da Basílica de São Pedro percorreu o planeta, marcando o início de um novo pontificado. Mas, além do simbolismo do momento, um detalhe chamou a atenção de quem observa com mais cuidado: a cruz peitoral que o novo Papa carrega no peito contém uma relíquia de um mártir espanhol, o beato Anselmo Polanco, bispo de Teruel, assassinado durante a Guerra Civil Espanhola.
A escolha dessa cruz não é apenas um gesto pessoal, mas carrega uma mensagem profunda. A peça, um presente dos agostinianos ao então cardeal Robert Prevost em 2023, reúne fragmentos de santos ligados à Ordem Agostiniana, como Santo Agostinho, Santa Mônica, Santo Tomás de Villanueva, Bartolomeu Menochio e, claro, Anselmo Polanco. Cada relíquia representa virtudes como fidelidade, serviço, reforma e martírio, compondo um relicário portátil que acompanha o Papa em sua missão.
O Mártir Anselmo Polanco foi nomeado bispo em 1935, em um contexto de grandes tensões políticas e sociais na Espanha. Durante a guerra, recusou-se a abandonar seu povo, mesmo diante do perigo iminente. Acabou preso e, em fevereiro de 1939, foi executado por tropas republicanas, tornando-se símbolo de coragem e Fé nas promessas de Cristo. Sua história, marcada por sofrimento e resistência, é lembrada como um dos episódios mais terríveis da perseguição religiosa do século XX.
Para Leão XIV, primeiro Papa norte-americano e também agostiniano, carregar essa cruz é uma declaração silenciosa, mas eloquente. Seu lema episcopal, “In Illo uno unum” (“Nele somos um”), ressalta a busca pela unidade em tempos confusos.
O gesto de manter sua Cruz pessoal, com relíquias tão significativas, desde antes do conclave para o seu pontificado, reforça o compromisso com a memória histórica de suas raízes espanholas, (a mãe do Papa nasceu na Espanha).
O Papa Leão XIV reivindicou publicamente o legado espiritual hispânico desde o início de seu pontificado e o compromisso com a reconciliação dentro da Igreja.