Em 2012, o Serviço Católico de Nova York entrevistou o padre Robert Prevost, atual Papa Leão XIV, sobre temas como o Sínodo e a nova evangelização. Na entrevista, entre muitas coisas o padre falou que a evangelização não pode deve ser feita como espetáculo para atrair o fiel, o que listou entre os aprendizados da Igreja após os últimos 50 anos do Concílio Vaticano II.
Ainda segundo Prevost, as respostas que as pessoas buscam para suas vidas não estão no mundo. O padre prior da Ordem Agostiniana defendeu ainda uma nova valorização do papel dos Padres da Igreja, os primeiros padres, dentre os quais se encontra o doutor da Igreja, Santo Agostinho, referência que ele viu frequentemente nos escritos de Bento XVI como chave para entender o Concílio.
Para Prevost, a sociedade atual, o mundo, promove certos mitos que enganam as pessoas de que é isso o que elas realmente precisam. Na verdade, “esses mitos podem ser muito superficiais ou descaradamente falsos”, conclui.
Evangelização
Quando perguntado sobre como a Igreja vê a atração de novos fiéis para a Igreja, ele responde:
“Certamente, a Igreja tem reconhecido, após a experiência dos últimos 50 anos, que não devemos tentar criar um espetáculo, isto é, um teatro, apenas para fazer as pessoas se sentirem interessadas em algo que, afinal, é muito superficial e não profundo, não significativo em suas vidas.
(…) O que a liturgia deve buscar, que é o objeto da fé, é levar ao contato com esse mistério, ou seja, o mistério de Deus, que é amor. Deus que vive dentro de nós, Deus que é, na verdade, presente na humanidade e que se revelou através de Jesus Cristo. A maneira de descobrir Deus realmente não é através do espetáculo. Acho que muitas vezes as pessoas têm sido levadas erroneamente a procurar por Deus de maneiras que, ao final, acabam sendo afastadas da descoberta deste mistério, que é a verdade sobre quem Deus é e qual é a experiência de viver uma vida de fé.
Recorrer aos Pais da Igreja
(…) Eu faço referência, especialmente, ao tempo dos Pais da Igreja, por meio de uma perspectiva agostiniana. Acho também que a redescoberta da Igreja desde o tempo do Concílio [Vaticano II], tem sido a valorização do estudo dos Pais da Igreja. Nos documentos do Concílio Vaticano II, através do Papa Bento XVI, temos visto constantes referências a Santo Agostinho e a muitos outros Pais da Igreja. Acreditamos e estamos convencidos de que os Pais da Igreja têm uma grande contribuição devido às circunstâncias paralelas ou semelhante que a Igreja viveu nos primeiros séculos e que a Igreja vive hoje: talvez a tendência de olhar para o mundo secular, se quiser, o que chamamos de mundo secular hoje, procurando respostas, e a descoberta de que essas respostas não estão lá, e que as pessoas realmente estão procurando algo mais”.
Assista a entrevista na íntegra