Dados do sistema de mortalidade do Ministério da Saúde (SIM) revelam que entre o ano de 2019 e 2020, não houve um crescimento fora do esperado para o período. Os dados utilizados para análise compararam o período de janeiro a setembro de 2017 a 2020 e mostraram um crescimento natural de óbitos (em torno de 2% ao ano) no Estado de Santa Catarina, valor que acompanha o crescimento populacional.
Quando comparado com anos anteriores o aumento anual de registros de mortes segue a mesma tendência.
De 2018 para 2019, segundo dados do sistema de mortalidade, mostrou o mesmo crescimento, de 2% no número de óbitos declarados em 2020, apesar dos quase 4.000 óbitos por Covid-19 já registrados no estado.
Para especialistas da área, o dado revela que óbitos que antes eram registrados em outras causas de morte podem estar migrando para Covid-19, devido mudança na classificação por conta da maior atenção dada ao tema. Diagnósticos podem estar sendo influenciados pela cobertura dos jornais sobre a pandemia.
Quando consideradas as causas básicas de morte, os dados revelaram que houve uma queda significativa de óbitos registrados em doenças pulmonares (CID J), em doenças infeciosas (CID A) e até mesmo doenças do aparelho circulatório (CID I) e Neoplasias (CID C). A diferença no número absoluto de óbitos esperados dessas doenças para o período coincide justamente com o valor de óbitos contabilizado para o coronavírus.
Essa inconsistência nos dados foi apontada no início de 2020 por diversos especialistas e jornalistas. Autoridades justificaram que o sistema de registros era lento e tinha 60 dias para preencher os registros no sistema. De fato, segundo o regulamento sobre coleta de dados do Ministério da Saúde, no artigo 34, prevê que os dados devem ser inseridos em um prazo de 60 dias, conforme o trecho abaixo:
“Art. 34. As Secretarias Estaduais de Saúde garantirão a transferência dos dados para o módulo nacional do Sistema, no prazo de até 60 (sessenta) dias após o encerramento do mês de ocorrência do nascimento ou óbito, no volume esperado, por meio eletrônico, via aplicativo, de modo contínuo, regular e automático, para alcançar as seguintes as metas e prazos…”
No entanto, o período analisado de janeiro a setembro indica que os dados já foram preenchidos e os números refletiriam de fato a realidade dos óbitos em Santa Catarina.
