
Por Carlos Eduardo Nazareth Nigro*
Otorrinolaringologista
É evidente que a quarentena de pessoas saudáveis e o uso de máscaras em pessoas saudáveis tem como único objetivo controle e reengenharia social instalando o medo e o pânico generalizado de chegar perto de outros seres humanos.
NÃO EXISTEM artigos científicos que provem que quarentena de pessoas saudáveis controla pandemias.
NÃO EXISTEM artigos científicos, nem mesmo esboços, nem mesmo passa pelas cabeças dos mais pirados e bem financiados médicos do mundo fazer artigos que provem com dados, que doentes com Covid-19 ou outras doenças infecciosas respiratórias desenvolveram a doença após contaminação do ar puro de ambientes ventilados ou livres (praias, parques, calçadas, etc.).
O que os jornalistas, os analistas políticos e todos os dipromados pelo mequi – inclusive médicos – fazem é um arranjo monstruoso de artigos científicos que sugerem ao leigo, ao médico e ao político – de boa fé, mas com pouco ou nenhum conhecimento de análise de estudos científicos – um raciocínio que leva a uma conclusão bastante equivocada. Abastecidos por determinadas premissas, a mente desenvolve um raciocínio que deixa a pessoa fascinada pela própria capacidade mental. Algo do tipo: “nossa, olha o que eu descobri!”. Ela mal sabe que foi vítima da malícia, de uma espécie de feitiço.
Como funciona
A mídia veicula conclusões de artigos científicos em série, sempre com declarações dos especialistas que vão corroborar a linha editorial da mídia. No caso da doença Covid-19 adquirida por contaminação no ar puro funciona assim:
1) Veicula-se a publicação de um artigo científico que concluiu que as gotículas de saliva podem chegar a até 8 metros de distância. O artigo, como todos os outros, não é identificado; mas após uma pesquisa simples vemos que os pesquisadores pediam a pessoas encatarradas para tossir, espirrar ou cuspir com a maior força possível para alcançar a maior distância que conseguir; tudo em um local hermeticamente fechado e ambiente controlado. Um equipamento de última geração – e esse é o charme do artigo – consegue detectar minúsculas gotas de saliva já perto do chão. Conclui-se: 8 metros. Beleza.
2) Veicula-se um ou vários artigos científicos que concluem que as gotículas de saliva contêm vírus. Beleza.
3) Veicula-se outro artigo científico que conclui que os vírus das gotículas de saliva podem contaminar uma pessoa pela respiração. O artigo deixa claro que contaminar não significa desenvolver doença porque depende da carga viral inalada para que a pessoa possa ficar doente, muito poucos vírus são facilmente combatidos por um sistema imunológico saudável. Beleza.
4) Veicula-se outro artigo científico que conclui que pessoas que tiveram contato próximo com outras pessoas tem maior chance de desenvolverem a doença. Beleza.
5) Veicula-se outro artigo científico que conclui que quando falamos ou respiramos micro-gotículas são expelidas. Logo, conclui-se que pessoas saudáveis, porém com o vírus na rinofaringe, soltam o vírus pelo ar. É uma quantidade irrisória, mas de fato soltam. Beleza.
6) Veicula-se um artigo científico que conclui que não existe tratamento com 100% de cura para a Covid-19. Certo, não existe nenhum medicamento com 100% de cura para nenhuma doença. Mas isso é esquecido. Beleza.
7) No Brasil, temos um número determinado de leitos de UTI. Somos 200 milhões de habitantes; se apenas 10% ficar doente ao mesmo tempo não haverá UTI para todos. Isso é verdade. Se 20 milhões de brasileiros precisarem de UTI ao mesmo tempo, o sistema entra em colapso.
Aí vem o pulo do gato. O sujeito bem informado (aquele que lê Folha, Globo News rolando na TV de plasma 18 horas por dia e a UOL como tela de início do computador) junta os pontos sem nenhum esforço e, bestificado pela própria capacidade mental, conclui:
“Pessoas saudáveis estão espalhando o vírus pelo ambiente, qualquer distância menor do que 8 metros é extremamente arriscada, porque se eu respiro esse ar sou contaminado, fico doente, não existe tratamento, o pico está pra chegar, se todos ficarem doente ao mesmo tempo o sistema colapsa e o presidente não faz nada”.
Este raciocínio “Frankenstein”, cheio de erros crassos, cheio de absurdos beirando a imbecilidade é o raciocínio padrão dos jornalistas e professores universitários brasileiros.