
Médicos que se manifestam contra a adoção da Hidroxicloroquina para tratamento da Covid-19 receberam mais verbas da Gilead Sciences, fabricante do medicamento concorrente, o remdesivir, denuncia estudo francês. O estudo, recém publicado na revista New Microbes and New Infection, analisou a relação entre a posição de médicos sobre a Hidroxicloroquina e valores financeiros repassados pela empresa farmacêutica que possui a patente do Remdesivir, possível substituto da hidroxicloroquina.
A pesquisa mostra a gravidade do problema do conflito de interesses na saúde.
Os médicos que se opuseram mais fortemente ao uso da hidroxicloroquina foram justamente os que mais receberam dinheiro da detentora da patente do Remdesivir. Quanto maior a oposição ao uso da hidroxicloroquina, maior era a média de recursos recebidos pelos médicos.
Os médicos “favoráveis” à hidroxicloroquina e que receberam algum recurso da Gilead, receberam 7 a 15 vezes menos do que os médicos que manifestam-se totalmente contrários ao uso da hidroxicloroquina.
Os médicos “muito favoráveis” ao uso de hidroxicloroquina eram minoria e receberam em média 54 euros ao ano da Gilead.
Os médicos com posições “muito desfavoráveis” a hidroxicloroquina receberam média acima de 24 mil euros ao ano.
O estudo analisou valores repassados pela Gilead Sciences entre 2013 e 2019, graças a uma lei que criou, em 2011, uma espécie de portal da transparência da indústria farmacêutica na França.
A empresa Gilead Sciences tem investido em defender do seu medicamento.
Os autores do estudo francês, destacam que os “financiamentos e doações da indústria farmacêutica influenciam as decisões tomadas por médicos e especialistas em medicina. No contexto da epidemia de COVID-19, vários tratamentos estão disponíveis para tratar pacientes infectados pelo vírus. Alguns são protegidos por patentes, como o remdesivir, outros não, como a hidroxicloroquina”.
O objetivo do estudo foi observar a correlação entre os benefícios recebidos por médicos e as suas posições públicas em relação ao medicamento, bastante explorados na mídia e entidades da saúde.
No Brasil, o pneumologista Wagner Malheiros, que trabalha diretamente com doentes de Covid, já curou mais de 400 pacientes fazendo uso de medicamentos como a Hidroxicloroquina. Em entrevista ao EN, Malheiros revela que a maioria dos congressos da Sociedade Brasileira de Infectologia é patrocinada pela gigante farmacêutica Gilead Sciences.
“A questão toda é financeira. A preocupação menor é com o povo e com a saúde”, denuncia o pneumologista.