
A esquerda, conforme a indicação amarga do rapper Mano Brown, segue reestruturando sua base. Agora, vão atacar até no carnaval.
É de conhecimento geral que a esquerda brasileira se fortaleceu, nas últimas décadas, espraiando seus agentes em tudo que é canal de comunicação com o povo. Toda liderança comunitária, ongueiro, projeto social, tudo tem dedo da esquerda. E também é assim nas igrejas, sobretudo a católica, que desde os anos 60 e 70, pelo menos no nível paroquial, e sobretudo nas regiões mais pobres, está nas mãos dos revolucionários.
E tanto é que diante da flagrante derrota eleitoral de 2018, parte da esquerda imediatamente sugeriu a retomada das ações nas CEBs, Comunidades Eclesiais de Base, os ramos mais profícuos do movimento da Teologia da Libertação, que é o resultado da simbiose herética de filosofia marxista e teologia cristã apartada da dimensão metafísica (um oxímoro).
Para quem quiser mais informações sobre a teologia da libertação e as CEBs, assista a esse vídeo do jornalista e youtuber Bernardo Kuster:
Tendo isto, a nova linha de ataque da esquerda será aberta na Sapucaí. Acontece que a Estação Primeira de Mangueira, das mais tradicionais escolas de samba do país, anunciou na noite deste domingo (13), que seu samba enredo para o desfile de 2020 será uma ode à Teologia da Libertação e uma crítica ao governo Bolsonaro.
No samba, denominado “A verdade vos fará livre” encontra-se traços da teologia maluca de Leonardo Boff e Frei Betto, por exemplo, neste trecho:
Eu sou da Estação Primeira de Nazaré
Rosto negro, sangue índio, corpo de mulher
Moleque pelintra do Buraco Quente
Meu nome é Jesus da Gente.
Aqui tem-se um retrato de Jesus negro, índio, talvez LGBT. É o Deus Encarnado transmutado nos oprimidos, no lúmpen-proletariado, nas classes revolucionárias que ao invés de rezar pela conquista do Reino dos Céus, lutam pela justiça social mui terráquea e humana, com direito a FGTS, férias, décimo-terceiro e nome social – se trans. Esse é o “Jesus da Gente”, uma figura inexistente que pode facilmente ser encenada por um Lula, por um Haddad, por um Maduro.
Mais:
Nasci de peito aberto, de punho cerrado
Meu pai carpinteiro desempregado
Minha mãe é Maria das Dores Brasil
Enxugo o suor de quem desce e sobe ladeira
Me encontro no amor que não encontra fronteira
Procura por mim nas fileiras contra a opressão
E no olhar da porta-bandeira pro seu pavilhão.
Aí o deus lacrador confunde o seu pai, São José, com um proletário na fila do CAT, a Virgem com uma carioca do Morro-Qualquer-Coisa, e a religião como uma guerra contra a opressão histórico-dialética conforme ensinada pelo professor do cursinho.
Já o anti-bolsonarismo, que, no fundo, é a causa final desse samba da petezada doida, fica clarividente aqui:
Favela, pega a visão
Não tem futuro sem partilha
Nem Messias de arma na mão.
O trecho não carece interpretação.
Ou seja, a esquerda vai fazer toda uma comunidade cantar um hino contra seu inimigo político enquanto os convence de que se trata de um ato de piedade religiosa popular. E é muito possível que várias outras escolas do Rio e de São Paulo sigam a mesma linha.
Como disse, a esquerda tem seus tentáculos em tudo que é canto, e estão no contra-ataque, estão se rearranjando.
Enquanto isso, a direita, já bifurcada, se rasga no seu moralismo, condena seus congressos, crítica seus defensores, denúncia seus crachás.
Vai demorar para a esquerda voltar ao poder? Ninguém sabe. Mas uma coisa é certa: só uma lado sabe jogar o jogo político.
Segue o clipe do samba:
https://www.youtube.com/watch?v=jSPhgVEZkWI